em silêncio eu diria:
quero transar com você
no tapete, nus
- saliva poros pele -
eu subiria pelo seu corpo
e chamava
te quero homem
eu quero...
(mas)
agora me desnudo de mulher e escrevo
descoberta
ainda é carnaval
fantasio
sozinha
faço o amor acontecer
Para ouvir: Cinema Americano - Thais Gulin
sou mulher de palavra. palavra escrita, pulsante, marcada, derramada, costurada... palavra que chama em silêncio, comprometida com tempos suspensos...
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
medo de (a)mar II
um susto da memória reinventado em grão, imagem e canção
Meu(.) Teu. o mar de ninguém. e a diferença nossa.
"Eu vi as ondas brincando de pega-pega
Levar as águas do riacho cristalino
Eu vi menino vim brincar no mar
Oh mar vem lavar pé de menino
As gaivotas vão fazendo suas rondas
O sol levanta vento leste me incendeia
As gaivotas vão fazendo suas rondas
O sol levanta vento leste me incendeia
No chão da praia vou guardar a minha raia
E construir o seu castelo de areia
Menino vem brincar no mar
Oh mar vem lavar pé de menino..."
Para ouvir: O menino e o mar por Rubinho do Vale
E construir o seu castelo de areia
Menino vem brincar no mar
Oh mar vem lavar pé de menino..."
Para ouvir: O menino e o mar por Rubinho do Vale
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
medo de (a)mar I
a primeira vez foi azul... imenso e
inevitável. assim era o mar, em janeiro de 1994. assim era o mundo a partir
daquele instante. escancarado a me pertencer como parte, fragmento - nunca
toda. E eu ali, alguém à margem, alguém na espera, a quem o mar ia e vinha
independente da minha vontade. tinha 3 anos e medo. medo de não ter espaço para
me caber no tanto que era o mar. e o desejo inesgotável de existir para além da margem...
é janeiro de 2015 e sou eu. assim, na
esperança que não mais espera, mas confia e segue, mergulho com
gosto - de onda e lágrima. habito na minha presença o vazio entre céu e mar, o
horizonte impossível. aqui, na imensidão do entre - é um convite -, invento o encontro,
o conto, o canto.
Para ouvir e ver: Futuros amantes - ChicoBuarque
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Um trem e elas
O cheiro ardido do pequi atravessa a tarde, insistente. amarela o tempo que eu não vivi, mas que me acompanha percorrendo montes das montanhas de Minas. Há algo em mim que vem das mulheres do norte... Caminhos de um Sol que encouraça a pele. que marca quem já foi índia, negra, branca, quem já foi rio, céu, árvore e chão...
Contam-me sempre que eram loucas. pergunto o que é ser louca para uma mulher na década de 30... ou em 60, 80, século XXI. Sempre loucas, todas elas. todas nós. No que se cala ou no que se canta? Sempre elas. Nas calças, nas flores, nos vestidos, nos amores. Nas mães, nas mãos. Outras faces que me chegam assim, pelos trilhos da memória inventada de dentro.
Para ouvir - Beleza maior por Aline Luz
...
Não tenho lembranças minhas com Aline. Porém sei que nós tivemos um encontro numa noite de dezembro. Alguns amigos, vinhos, restos da ceia de Natal... e um vinil foi parar na vitrola, “é uma tia minha, gente!”
Ali Aline cantou conosco. E ficou...
compartilho essa minha escrita hoje, 25 de dezembro, quando Aline Mendonça Luz, minha tia avó, completaria 68 anos.
Para ver e ouvir: Coisa mais maior de grande (Gonzaguinha) por Aline Luz
Contam-me sempre que eram loucas. pergunto o que é ser louca para uma mulher na década de 30... ou em 60, 80, século XXI. Sempre loucas, todas elas. todas nós. No que se cala ou no que se canta? Sempre elas. Nas calças, nas flores, nos vestidos, nos amores. Nas mães, nas mãos. Outras faces que me chegam assim, pelos trilhos da memória inventada de dentro.
Para ouvir - Beleza maior por Aline Luz
...
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Foto: Wilton Montenegro |
Não tenho lembranças minhas com Aline. Porém sei que nós tivemos um encontro numa noite de dezembro. Alguns amigos, vinhos, restos da ceia de Natal... e um vinil foi parar na vitrola, “é uma tia minha, gente!”
Ali Aline cantou conosco. E ficou...
compartilho essa minha escrita hoje, 25 de dezembro, quando Aline Mendonça Luz, minha tia avó, completaria 68 anos.
Para ver e ouvir: Coisa mais maior de grande (Gonzaguinha) por Aline Luz
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Tarefas: 03 de dezembro, quarto
fiz dobraduras de roupas e papéis
inventei lugares para guardar a coisa
escrevi silêncios no barulho da máquina
não joguei o nada fora
domingo, 23 de novembro de 2014
Em mãos II
um risco
em trânsito
- amor latente -
no corpo
impulso
- que lança o desejo -
que gira e faz volta
dançando os tempos soltos
- no ato da linha-
sábado, 15 de novembro de 2014
Das noites pouco contemporâneas
"Só que precisava dos outros para crer em si mesma, senão se perderia nos sucessivos e redondos vácuos que havia nela. Meditava enquanto batia à máquina e por isso errava ainda mais"
(A hora da estrela, C.L)
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Em mãos
do transe à transa
a palavra lambe
descansa a língua
a palavra lambe
descansa a língua
acolhe o corpo
no ato que é
no ato de ser
desejo.
no ato de ser
desejo.
sábado, 18 de outubro de 2014
Do buraco V
quando a morte me olhou nos olhos, fui eu quem abri a porta
ela trazia trapos enrolados nos braços e não possuía cheiro
aqueles trapos, pensei, eram meus restos que ela carregava no
colo feito um bebê
eu sorrio cúmplice e os recebo com gratidão
Em tempo...
Para ouvir: Choosing life - Phillip Glass
domingo, 28 de setembro de 2014
Para ela, pelos nossos anos
(Do buraco IV)
Eu me
convido a entrar. O corpo busca o papel para se deitar... A dor no corpo, o cansaço no corpo, o
pesar no corpo, o próprio corpo... A( )pesar. A morte existe porque há um corpo. Finito,
frágil, instável. A vida existe porque há um corpo. Finito, frágil, instável...
É nesse lugar que eu sou, esse do corpo que sente. Que vive e morre, que se
alegra e adoece, que grita e silencia. Neste instante estou exatamente por onde as coisas atravessam... Te vejo sentada, muito bem apoiada pela
palavra que contraditoriamente não dizia. Qual o nome da dor que te carregava
no colo? Que dor é essa que tenta se livrar do corpo? Ou... que dor é essa que
ocupa um lugar inalcançável, fora do corpo e que precisa ser trazida, levada a
ele como um caminho possível, suportável? As minhas perguntas se suspendem...
Confesso: existe uma dor em mim também. A gente se toca às vezes... E agora
enquanto escrevo posso vê-la agachada no canto, abraçando os joelhos e respirando em pulsos regulares... Minhas palavras são quase uma cantiga de ninar, elas compõem
esse silêncio sem angústia para que a respiração sobressaia. Então é isso? - me surpreendo! Você me olha nos olhos e
sinto que inverteu a lógica dos nascimentos, somos cúmplices. Quanto da sua voz
eu trago nas mãos? Na volta à cidade, deixo a porta entreaberta caso você
queira escapar mais um pouco.
Pelos caminhos, traço no silêncio a nossa cura.
Eu, remédio. Eu, palavra.
Para ouvir: De mais ninguém - Marisa Monte
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