sábado, 24 de maio de 2014

domingo, 18 de maio de 2014

falta na memória

Bananeiras se ampliavam para selva escondendo o mundo. Há vida além do medo... Caqui, uva, limão, jabuticaba, coelho, gambá. E um sussurro rondando, sempre à espreita... Escadas anunciam o caminho. Para além delas, mais mundo, mais medo. Malas engolem crianças inteiras. Portas disfarçadas revelam encanamentos. A água flui abrigada entre as paredes, o fluxo em algum lugar por trás dos ombros. Entrava pela janela, subia nas portas. Não se pode pisar nas linhas entre os azulejos, jamais! Degraus são pulados num impulso: ...dois, três, quatro, cinco! O destino alçado desafiando a casa... Descer sempre foi mais fácil. Lá em cima, a travessia vinha antes da luz. Um labirinto à espera, o desejo escondido no ponto mais alto. Derrubava o medo sem abrir os olhos. O vazio abandonado sob a mesa chamava o nome do pai...

domingo, 4 de maio de 2014

Tabuleiro francês

Cuidadosamente eram desenformados nos tabuleiros de todos os dias. Sabores escolhidos com atenção... Para curar existências angustiadas. Receitas diferentes, todas com a mesma forma. Talhada no inconsciente devidamente controlado. As semanas passavam doces e ternas pelas mãos de quem sempre sabe o que é melhor. Pessoas controladas e encaixadas no tabuleiro de todos os dias. Peças escolhidas com atenção... Um jogo e suas regras: cada coisa em seu lugar, um lugar para cada coisa. Nesse mundo bem resolvido, Saint-Exupéry é mais que um consolo para o abandono...

"–A culpa é tua –disse o principezinho– Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse..."

É a isenção perfeita. E naquela casa a perfeição seria sempre mais importante que chocolate.