segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Para Eros se lembrar da mãe I

Queria conseguir judiar da saudade
rasgar, cuspir, esfolar
Depois te devolver
saudade feia e mal acabada
sofrida e desgostosa
sincero presente
do fundo do
(poço)          coração.
                    

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

DA ESCRITA I

Todo nascimento do verbo anuncia uma morte...
Palavra que engasga na garganta,
palavra que tropeça em 'se' e volta.
E volta.
E volta...
A cada queda
da palavra,
uma perda
“coisa com mais perdas é o eu”

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Do remoto controle (com meu re-conhecimento)


06 de setembro de 2013
(...)
Os opostos às vezes são mais próximos que os meios. E estão em mim, inseparáveis.

                                              [Da série: "Fragmentos de costuras que se soltam entre capas verdes"]


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Dos (des)encontros cotidianos

Que vida é essa que você pretende que aconteça em dias de coxas depiladas e calcinhas estratégicas, secadas com secador de cabelo? Nesse dia, pode ter certeza, seu celular vai tocar 8 vezes! E você vai se frustrar em todas elas. Receberá com desgosto ligações da sua mãe, da empresa de telefonia, da secretária do dentista, do seu irmão e de uns 4 amigos distantes com saudade.

Pelas estatísticas dos aparelhos sem bateria, das mensagens salvas nos rascunhos de celular, dos guardanapos perdidos com números de telefone e da escassez de crédito em chips pré-pagos é logicamente impossível que uma dessas ligações fosse ser o convite que você deseja.

Essa vida, honey, essa vida que você imagina, acontece com as borboletas do seu estômago desintegradas na adrenalina da ansiedade, nos copos solitários whisky e nas comédias românticas assistidas madrugada adentro (ou séries de zumbis, o que for de sua preferência.) Essa vida não existe para ser, assim, compartilhada...

Não digo isso para que se sinta mal, erga seu copo aqui comigo! Vamos brindar as tardes chuvosas em livrarias, os ônibus perdidos na rodoviária, as cartas de amor achadas em bancos de jardim… Um brinde às noites muito bem não dormidas e aos expressos na padaria no dia seguinte antes do trabalho. Às garrafas de vinho dividas com estranhos no meio da rua. À todas aquelas que mandam um foda-se para a cor das calcinhas e preferem colorir segundas-feiras.

Ah! (suspiro...) Um brinde às deliciosas e surpreendentes brincadeiras do destino.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Esquinas

31 de janeiro de 2014
"Dessa vez, pela primeira vez, a volta era uma ida..."
[Da série: "Fragmentos de costuras que se soltam entre capas verdes"]

...

A mala ao lado não me cabe em lembrança.
E pesa.
Somos o que fazemos dos restos que fizemos de nós.
Também...
Memórias suspiradas na poesia de um parafuso,
o olhar que surpreende e atravessa para um lugar refeito de mim,
   a estrada que se abre corajosa escrita ao anoitecer e esse ponto final que nunca, nunca chega