quarta-feira, 25 de julho de 2018

para passar junho




de olhos bem fechados, sentar e escrever. apagar a memória obscena, refazer a morte do amor e cuidar para que ele se acalme. sofrer a humanidade escancarada enquanto ainda há tempo.

são sempre elas. porém não todas, elas. e eu dessa vez a querer romper o silêncio agressiva, performar verdades por saber sobre ela, nunca tão sua quanto dela. será que a amaria assim? por tudo aquilo que ela não é? não digo nada. vejo que insiste, encena. com aquela coragem de principiante que me dói. a autenticidade ingênua da primeira vez, a conquista desmedida, depravada.

tento esquecer o que a vista me cansa de buscar repetir. os olhos não olham para lugar nenhum, às vezes para a letra e só. absolutamente. os mesmos que olharam para ela, já não estão. assustada a chorar desconsolos, desfaço caminhos certos, me afasto até chegar espantada onde me encontro em falta. sou eu agora, mulher de ninguém. esse ninguém que escreve para um outro não ver.

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