Preciso te contar que eu não sei escrever... Existe uma
presença insistente daquilo que não há e que quer ser visto. Tento enxergar com
o pensamento, mas o pensamento não alcança esse vazio. Então a palavra tece
sobre ele, inventa, fantasia. É onde eu faço ter onde há tanta falta. Na lacuna
entre o dizer e o sentido, aí que estou, não na palavra. É quase uma mentira. Eu falo dessa verdade impura, como somos todos nós.
A minha escrita não consegue ensinar da maneira como você quer porque ela pergunta mais que responde... Mas é a minha marca
mais presente de que tudo me escapa, ela é o resto. Talvez consiga um respiro,
uma distração, um sorriso... Explicação mesmo eu não tenho, quer dizer, tenho.
Mas não resolve. Saber a gente até que sabe, mas sente assim mesmo.
Amiga, te dou aqui um abraço, um sopro, as mãos... E digo
que compartilho das suas perguntas de Macabéa (aquelas, que não tem resposta).
Assim vamos indo... Cúmplices com o mundo.
(Para Rúbia)
Para ouvir: Gente – Caetano Veloso
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