Olhares que se cruzam. Um corpo que vira e segura o
instante do olhar que atravessa... Qual o cheiro do tempo suspenso naquelas
escadas? Cotidianos de silêncios cronometrados, moletom e pêra.
Uma conversa que
insiste, incide, a boca que quer abrir e desvia... Os olhos em fuga caminham,
dentro fora dentro. Antecedem as mãos que não aguentam inquietas e soltam letra
que faz laço, lança escrita em céu aberto. Um risco. Azul. Letra que encontra
buracos, lacunas e aproxima. Letra que fura lá no fundo, faz(emos) nós...
Estradas, esquinas, lugar-comum. Das tardes doces de sol,
limão e compromissos esquecidos. Da falta oferecida em abrigo. Dos silêncios
mais sinceros. Das mãos que nunca souberam mentir. Coisas que gosto em você... O
amor no corpo, desejo compartilhado, pedinte, querendo ser. Algo de encanto,
algo que derrama, entrega, algo de desmesura... Nunca tão assim, nunca tão
mulher. Rio que quer, não quer, chegar ao mar. E o mar, essa espera...
A queda, o susto, o lapso. Palavras que engasgam e desaparecem antes que eu pensasse
em fechar os olhos. A mão que vacila marcando as ausências
mais presentes... Arrancadas, escancaradas, feito porta que não fecha e range... Fio
que se embola, escapa, o nó que aperta o peito-garganta-olhos-boca-pulmão-coração
e espreme os choros mais doídos.
Anos que preferem existir em primaveras.
Foi-se uma duas, três, quatro, cinco. E agora era outra
vez.
Com o gosto do sono na boca, abraços em trânsito, espaço
deslocado ao chão. Cortinas não abraçam mais as janelas, o tempo tem dessas ressignificâncias...
Sua existência me atropela, abro passagem:
da linha mais próxima, à(s) próxima(s) linha(s)...
Carretéis.
Para ouvir (um agradecimento): Por brilho - Oswaldo Montenegro com Madalena Salles
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