domingo, 24 de agosto de 2014

Bolhas de sabão


Olhares que se cruzam. Um corpo que vira e segura o instante do olhar que atravessa... Qual o cheiro do tempo suspenso naquelas escadas? Cotidianos de silêncios cronometrados, moletom e pêra.

Uma conversa que insiste, incide, a boca que quer abrir e desvia... Os olhos em fuga caminham, dentro fora dentro. Antecedem as mãos que não aguentam inquietas e soltam letra que faz laço, lança escrita em céu aberto. Um risco. Azul. Letra que encontra buracos, lacunas e aproxima. Letra que fura lá no fundo, faz(emos) nós...

Estradas, esquinas, lugar-comum. Das tardes doces de sol, limão e compromissos esquecidos. Da falta oferecida em abrigo. Dos silêncios mais sinceros. Das mãos que nunca souberam mentir. Coisas que gosto em você... O amor no corpo, desejo compartilhado, pedinte, querendo ser. Algo de encanto, algo que derrama, entrega, algo de desmesura... Nunca tão assim, nunca tão mulher. Rio que quer, não quer, chegar ao mar. E o mar, essa espera...

A queda, o susto, o lapso. Palavras que engasgam e desaparecem antes que eu pensasse em fechar os olhos. A mão que vacila marcando as ausências mais presentes... Arrancadas, escancaradas, feito porta que não fecha e range... Fio que se embola, escapa, o nó que aperta o peito-garganta-olhos-boca-pulmão-coração e espreme os choros mais doídos.

Anos que preferem existir em primaveras.

Foi-se uma duas, três, quatro, cinco. E agora era outra vez.

Com o gosto do sono na boca, abraços em trânsito, espaço deslocado ao chão. Cortinas não abraçam mais as janelas, o tempo tem dessas ressignificâncias...

Sua existência me atropela, abro passagem:

da linha mais próxima, à(s) próxima(s) linha(s)...

Carretéis.


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