domingo, 10 de janeiro de 2016

um cuidado sob(re) a força


o molho de chaves balançava na cintura fazendo barulho. o andar devagar. ritmado. a pausa.      a casa era dela e disso ninguém ousava duvidar, foram quantos anos, carregando as chaves? a memória se ocupa desse dia e o tempo é outro, lento... aquele calor de Montes Claros, a água que não mata a sede e eles insistem em dizer que é a melhor do mundo! meus olhos ficam na altura daquelas chaves e demoro a perceber que falam comigo. ela está lá, parada na escada da frente, não tem barulho de chave mais... eu sou criança, preciso subir e apanhar algo que caiu no chão, uma identidade. faço isso e todos eles me olham, o silêncio me olha também, sou uma boa menina. me abaixo, pego o que caiu e entrego a ela, tenho medo. e tenho vergonha. tenho vergonha de sentir medo. as chaves voltam a chacoalhar, desaparecem. mas há portas abertas - fresta fissura convite! não sabia o que queria ver então vi. um encontro, um sorriso. é preciso reinventar mais uma vez a memória: observo o amor passar pelos buracos das fechaduras, e é assim que agora você me olha... a partir de hoje, quando refizer essa história eu escolho isso.

'você escolheu ser feliz?'




Para ouvir: Beira-Mar Novo por Coral Trovadores do Vale

(do te-ser memória_3)

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