terça-feira, 3 de junho de 2014

A menina do penso quebrado

A menina tinha o penso quebrado! Nasceu assim, não sabia explicar, não sabia nem o que era isso e se espantava com as perguntas. Aliás, se espantar era algo que sabia muito bem... De resto, não sabia de quase tudo. Deixava cair o queixo e abria os olhos bem grande. De penso quebrado via que não há mistério no rabo das lagartixas. Mas há beleza ou feiura e o número de piruetas que ele dá antes de jazer inerte no chão. Via que o amarelo era amarelo, o azul era azul e que tinha gente que chamava o verde-água de azul-piscina e era isso mesmo, variâncias de olho... De penso quebrado, brincava de roda e de pique-esconde, comia manga e chocolate se lambuzando sincera e sem metafísica. E ela não precisava de penso pra saber que ficava às vezes triste e que tinha medo de escuro. Entender não entendia de nada não, mas existia assim, acreditando...

Nenhum comentário:

Postar um comentário