domingo, 14 de outubro de 2012


Ela gostava de grandes quantidades, era uma pessoa exclamativa. E nunca se contentava com uma exclamação só, tinham que ser várias. Isso mostrava a importância que ela dava a afirmação. Impositiva não era. Nem mandona, caso possa parecer. Acho que apenas chamava atenção aos fatos que deviam ser vividos intensamente. Não havia essa de fingir que não via. O mundo estava ali, convidativo!!!!! Ressaltado!!!!!!!!

O mesmo fazia com as interrogações. Era de uma curiosidade crescente, infinita. Impossível contar quantas ela usava, eu me embolava e me perdia. Por quê isso?????? Ela realmente queria uma resposta????? Às vezes não. Mas mostrava que estava ali, sempre atenta, interessada, disposta a escutar.

Reticências quase nunca usava. Reticências é uma pontuação com hora pra acabar: 3 pontos. Se forem quatro ou dois, não importa, terão o mesmo poder de significar nada. Parecia muita metodologia pra uma vida que tentava se desfazer de regras. É que ela não entendia que a liberdade está nas inúmeras maneiras de se percorrer os espaços entre os pontos para cada vez costurar uma história diferente. O infinito das reticências se faz nas entrelinhas...



Em uma certa manhã de abril, eu falei das suas exclamações... E elas me fizeram perceber minhas reticências!!!!! Passamos longe das saliências de um possível “entre aspas” comum. Rompemos parênteses, para nos abrirmos para o mundo.

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