sábado, 9 de setembro de 2017

o tom do tempo



um dia ele olhou as minhas unhas pintadas num acaso de vermelho e disse que achava bonito. “tão feminino” – ele falou. durante os meses em que estivemos juntos, cuidei de pintar as unhas... sentava no chão da sala, pausava os estudos naqueles dias de tantos compromissos para me colorir, revivendo o prazer que eu sentia ao observa-lo, distraído, olhando as minhas mãos.
agora é a primeira vez que tenho esmalte nas unhas desde que ele foi embora e por um instante me perguntei, intrigada, se é tempo que me falta para esses fazeres de manicure. em seguida, me posiciono diante da câmera buscando um olhar, os minutos passam sem incomodar. pois não é sobre as horas do relógio que se conta essa imagem, esse gesto, essa escrita...

hoje entendi que o valor do tempo se quantifica é pela medida do nosso desejo.

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