Alice,
escrevo para lhe fechar delicadamente os olhos...
Sei que me entende e que não tem medo, eu tenho um pouco.
É
preciso abrir os meus, Alice.
Os seus são tão bonitos que quero olhar por eles, como se seu mundo fosse sempre mais azul.
Invento histórias...
Quis tanto saber como você amava!
Quis tanto saber como você amava!
Do seu amor eu nada sei, mas sei que preciso
amar muito para estar com você.
Desse amor meu, sei menos ainda.
Desse amor meu, sei menos ainda.
Vou te dar um beijo, Alice, eu quero. Um beijo nosso.
Encosto minha boca na sua como uma respiração e no sopro de vida, não vejo mais seus olhos.
Sua falta me preenche, escancara todos os
vazios que há em mim, sinto frio.
Estou atravessada.
Reencontro o coelho branco
como uma escolha possível, é um convite.
Um convite para o buraco.
Vou com o
coelho, Alice...
Desses caminhos, aceito o tempo que ele carrega.
“Estou atrasado! Estou atrasado!” “É tarde! É tarde!” Sei que vou me acostumar com suas repetições.
O tempo do coelho é outro, incontrolável, sempre anterior.
Estou um pouco triste e assustada...
Estou um pouco triste e assustada...
E por um instante pensei querer que
seus olhos pudessem ler essa carta e me piscassem cúmplices.
Ao invés de fazer chegar até você, encaro o espelho.
Vou encontrando meus olhos...
(Qual a cor do meu desejo?
Quem me vê, quando não te vejo?)
Eles sabem sorrir...
Ficamos assim,
Alice...