sou mulher de palavra. palavra escrita, pulsante, marcada, derramada, costurada... palavra que chama em silêncio, comprometida com tempos suspensos...
domingo, 25 de maio de 2014
sábado, 24 de maio de 2014
DA ESCRITA III
Assim, dou o que eu não
tenho
nunca
tive
O encontro não cumpre a distância
Para ouvir: Something she has to do - Philip Glass
domingo, 18 de maio de 2014
falta na memória
Bananeiras se ampliavam para selva escondendo o mundo. Há
vida além do medo... Caqui, uva, limão, jabuticaba, coelho, gambá. E um sussurro
rondando, sempre à espreita... Escadas anunciam o caminho. Para além delas,
mais mundo, mais medo. Malas engolem crianças inteiras. Portas disfarçadas revelam
encanamentos. A água flui abrigada entre as paredes, o fluxo em algum lugar por
trás dos ombros. Entrava pela janela, subia nas portas. Não se pode pisar nas
linhas entre os azulejos, jamais! Degraus são pulados num impulso: ...dois,
três, quatro, cinco! O destino alçado desafiando a casa... Descer sempre foi
mais fácil. Lá em cima, a travessia vinha antes da luz. Um labirinto à espera, o
desejo escondido no ponto mais alto. Derrubava o medo sem abrir os olhos. O vazio abandonado
sob a mesa chamava o nome do pai...
domingo, 4 de maio de 2014
Tabuleiro francês
Cuidadosamente eram desenformados nos tabuleiros de todos os dias. Sabores escolhidos com
atenção... Para curar existências angustiadas. Receitas diferentes, todas com a mesma forma. Talhada no inconsciente devidamente controlado. As semanas passavam
doces e ternas pelas mãos de quem sempre sabe o que é melhor. Pessoas controladas e encaixadas no
tabuleiro de todos os dias. Peças escolhidas com atenção... Um jogo e suas regras: cada coisa em seu lugar, um lugar para cada coisa. Nesse mundo bem
resolvido, Saint-Exupéry é mais que um consolo para o abandono...
"–A culpa é tua –disse o
principezinho– Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te
cativasse..."
É a isenção
perfeita. E naquela casa a perfeição
seria sempre mais importante que chocolate.
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